Recorde
Pavilhão da Agricultura Familiar valoriza produtos regionais na 29ª Fenadoce
Vendas na primeira semana superam em 40% negócios realizados no mesmo período do ano passado e somam mais de R$ 486 mil
Foto:Ítalo Santos - Especial - Cachaças de Canguçu ganham visibilidade no evento
Dos 68 expositores do Pavilhão da Agricultura Familiar na 29ª Feira Nacional do Doce (Fenadoce), 13 empreendimentos participam pela primeira vez do evento, 14 são geridos por mulheres e quatro por jovens. Estão representados 40 municípios do Estado, e destes 11 são da região Sul. A informação é do coordenador do espaço, o extensionista da Emater Regional, Renato Cougo. Segundo ele, a Fenadoce é uma das principais feiras para a agricultura familiar por ser diferenciada das demais em que há a participação do segmento. “As outras feiras, na sua maioria são agropecuárias, e a Fenadoce tem público basicamente urbano então a receptividade é muito grande”, diz.
Os resultados falam por si. Até o feriado de quinta-feira (8), o faturamento superou os R$ 486,75 mil, crescimento de 40% nas vendas em comparação com o ano passado. “Estamos bem contentes com o resultado, seja pela questão econômica ou pela visibilidade às agroindústrias”, diz o extensionista. Segundo ele, é uma oportunidade também de dar visibilidade ao programa Sabor Gaúcho, criado para a valorização das agroindústrias do Estado. “Não estamos criando nada, mas valorizando iniciativas que já existiam e estavam à margem da legislação e das políticas públicas”, ressalta.
Segundo Cougo, no último ano, foram 84 empreendimentos legalizados e outros 210 estão em fase de legalização através da assistência técnica no Estado. “Dos 68 empreendimentos participantes, 37, mais de 50%, são da região”, salienta. Ele destaca a recente legalização de duas das três agroindústrias de mel presentes na Fenadoce, a Flor do Pampa, de Jaguarão e Agrosell, de Pelotas. “Empresas como a Irmãos Ruivo, que precisava adquirir mel de fora do Estado, por dois anos consecutivos está comprando mel da Agroindústria Timm, de São Lourenço do Sul, cujo produtor realiza importante trabalho de consorciação da apicultura com a fruticultura”, ressalta.
Novos expositores
Estreante na feira, a Agrosell, agroindústria de mel, do casal Udo Edemar Sell e Andrea Motta Sell, obteve a regularização no mês de março deste ano. Com sede no bairro Sítio Floresta, em Pelotas, a matéria-prima vem de seis apiários localizados no Monte Bonito - Estrada da Gama, no Grupelli e Colônia Ramos, em Pelotas e no Capão do Leão, Piratini e Herval. Aposentado da construção civil, desde 1999, o produtor trabalhava com mel informalmente a fim de obter renda extra. A profissionalização veio a partir da ajuda dos extensionistas da Emater Pelotas, Francisco Arruda e regional, Renato Cougo, dizem. Na feira, o produto é apresentado em potes de um quilo, 700, 500 e 250 gramas. Antes de comprar, o visitante tem a oportunidade de provar e comprovar a qualidade e sabor do mel oferecido.
De Canguçu, vem a Cachaça do Quinto, produzida pelo produtor Mateus Ribeiro Camargo. Da Destilaria Alto da Cruz, 5º distrito de Canguçu, regularizada em abril, saem cinco rótulos, entre eles, a da tradicional Azulzinha do Quinto, feita com caldo de cana e folha de citros. Além da cachaça normal é produzido o aguardente com até 48% de teor alcoólico, segundo Camargo, um produto raro de se encontrar no comércio.
A Destilaria também deu continuidade à marca Acanguaçu, produzida até 1995, por Antunes de Souza, falecido há seis anos. A marca ressurgiu, após aquisição do alambique das filhas de Souza, com rótulo repaginado e a qualidade tradicional da cachaça centenária, assegura. Além dos derivados de cana, Camargo também produz açúcar mascavo, disponível para degustação na feira, junto com as cachaças. “Nosso trabalho é também um resgate de uma cachaça histórica da nossa região, com mais de 100 anos”, ressalta.
O grande diferencial da agroindústria é que toda a matéria-prima é produzida na propriedade, com 77 materiais genéticos em avaliação, inclusive com adaptação ao frio, trabalho desenvolvido com a parceria da Embrapa. “A região possui grande potencial para a cana de açúcar, até maior que São Paulo”, afirma Camargo. Segundo ele, a produtividade média vai de 80 até 144 toneladas por hectare, o dobro da média nacional, ressalta, superando São Paulo e Minas Gerais, tradicionais produtores.
Duas agroindústrias presentes no pavilhão foram premiadas recentemente, em concurso estadual, o 2º Concurso de Queijos & Doces de Leite Artesanais do Rio Grande do Sul 2023, realizado em maio, na Casa de Cultura Mário Quintana, em Porto Alegre. A agroindústria João de Barro Doces e Conservas Artesanais, de Morro Redondo, obteve o primeiro lugar, medalha de ouro, na categoria doce de leite e o segundo lugar, medalha de prata, na categoria doce de leite com adição, com o doce de leite com café.
De propriedade do casal David Armendaris e Maria Elena Nieves Armendaris, as geléias, chimias e compotas artesanais da marca João de Barro são velhas conhecidas dos visitantes da Fenadoce. A agroindústria, localizada na Colônia São Domingos, no Morro Redondo, há um ano e meio se regularizou para produtos de origem animal, como o doce de leite e a ambrosia. Todo o processo é caseiro e artesanal. Entre os produtos vegetais estão os doces de abóbora, batata doce, pêssego, goiaba, figo, uva, e outros. A agroindústria também integra o roteiro Morro de Amores.
Premiada no mesmo concurso, com medalha de prata para o queijo colonial temperado com orégano, pimenta e alho, está a Agroindústria Sítio Dona Luíza, de Capão do Leão, do produtor Leandro dos Santos Falcão. Localizada no Passo das Pedras, em Capão do Leão, a pequena indústria se dedica à produção de queijos artesanais e doce de leite e, no ano passado, conquistou o selo Sabor Gaúcho, a primeira agroindústria do município a receber a distinção.
Serviço
A Fenadoce 2023 ocorre até 18 deste mês, no Centro de Eventos Fenadoce, em Pelotas. O pavilhão funciona de segunda a sexta-feira, das 14h às 22h e nos sábados e domingos, das 10h às 22h, mesmo horário da feira. No espaço, os visitantes encontram desde embutidos, produtos lácteos, erva mate, conservas vegetais, mel, sucos, vinhos, cachaça, artesanato, flores, panificados, artigos de quase todos os segmentos.
Em sua sétima edição, a Feira da Agricultura Familiar é uma ação do programa Sabor Gaúcho e organizada pela Secretaria de Estado do Desenvolvimento Rural, com o apoio de entidades como Emater, Embrapa Clima Temperado, Prefeitura de Pelotas, Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag) e Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar da Região Sul do Brasil (Fetraf).
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